As fraudes em licitações para desviar milhões de reais de dinheiro público e depositá-las no bolso da maior facção criminosa do país, o PCC (Primeiro Comando da Capital), atingiram mais cidades paulistas do que se imaginava.
O esquema, que se estendeu por anos, usava empresas ligadas a um integrante da facção e incluía pagamento de propinas a agentes públicos.
Entre 2016 e 2023, mais de R$ 251 milhões em dinheiro público foram parar em CNPJs ligados ao PCC, apontam dados do TCE (Tribunal de Contas do Estado), em levantamento exclusivo feito pelo UOL.
Ao menos 25 prefeituras e câmaras municipais, além de uma fundação cultural do estado, firmaram contratos com empresas do esquema.
Brito é o criador do grupo Safe, formado por ao menos sete empresas registradas em nome dele e no de laranjas.
Ele usava as empresas para vencer licitações que incluíam documentos falsos, simulação de concorrência e corrupção de agentes públicos, diz o MP-SP (Ministério Público de São Paulo).
As empresas também serviriam para lavar dinheiro do tráfico de drogas e de outros crimes cometidos pelo PCC.
Pelo menos uma delas teve como representante outro membro da facção: Márcio Zeca da Silva, condenado em primeira instância por tráfico de drogas.
Latrell Britto mantinha um grupo de WhatsApp para combinar lances em pregões eletrônicos e presenciais com servidores, secretários municipais e políticos em mandatos eletivos.
Ele definia a empresa do grupo que venceria a licitação e como abordaria concorrentes legítimos para convencê-los a desistir das disputas, apontam provas.
Mensagens encontradas no celular de Britto indicam que o plano foi concebido pelo próprio PCC.