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Superação

Adriano Imperador detalha sobre vícios e depressão e apresenta suas origens em livro


Adriano Leite Ribeiro, mais conhecido como Adriano Imperador, ainda é um dos personagens mais magnéticos do futebol brasileiro, mas suas explicações para o abreviamento de sua carreira, embora simples, nem sempre são aceitas. E "Meu Medo Maior" (editora Planeta, R$ 99), sua autobiografia escrita em parceria com o jornalista Ulisses Neto, pode ser uma oportunidade para o público conhecer o "lado do b" do atacante, que sempre preferiu manter-se distante dos holofotes.

"Eu ganhava milhões de euros. Mas e aí? Cadê minha felicidade?", questiona Adriano, ao refletir sobre os anos em que viveu momentos gloriosos no futebol da europeu, entre Parma e Inter de Milão. A juventude o levou rapidamente de um menino da Vila Cruzeiro ao reconhecimento mundial. Em 2000, aos 18 anos, surpreendeu o Brasil ao ser convocado para as Eliminatórias da Copa, dando início a uma carreira que prometia glórias.

O ápice europeu durou quatro anos, devido ao luto pelo pai e a um quadro de profunda depressão, razões que o trouxeram de volta ao Brasil, com a camisa do São Paulo. "A morte do meu pai mudou a minha vida pra sempre. Até hoje é um assunto que ainda não consegui resolver", descreve.

A acensão na carreira também expôs Adriano a pressões e expectativas que nunca fizeram parte do seu universo. "O maior desperdício do futebol: Eu. Gosto dessa palavra, desperdício. Não só por ser musical, mas porque me amarro em desperdiçar a vida. Estou bem assim, em desperdício frenético", detalha em um trecho.

Quando se fala em Adriano Imperador, muitos lembram de sua volta ao Brasil, após seu auge na Europa. No Flamengo, reencontrou a paz, ao menos temporária, e o carinho dos amigos e da comunidade da Vila Cruzeiro. Mesmo com o sucesso de 2009, que lhe trouxe o título brasileiro pelo clube, e sentia que já não era mais o mesmo. Sem o pai, o futebol não preenchia mais o vazio. "Muita gente não sacou porque abandonei a glória dos gramados pra ficar aqui sentado bebendo em aparente deriva", confessa no livro.

Cada vez mais próximo da favela e mais distante das obrigações do futebol, Adriano passou a viver segundo suas próprias regras. "Não uso drogas, como tentam provar. Não sou do crime, mas, claro, poderia ter sido. Não curto baladas. Eu bebo todos os dias sim, e os dias não muitas vezes também. Por que uma pessoa como eu chega ao ponto de beber quase todos os dias? Porque não é fácil ser uma promessa que ficou em dívida." E essa sinceridade, essa recusa em abraçar o estrelato, acabou gerando uma admiração ainda maior por Adriano.

Ao final, o que o texto comunica, sobre o enorme alívio do ex-jogador na relativa paz que segundo ele, alcançou após ter se livrado dos sonhos que, uma vez abraçados pelo menino, quase devoraram o homem. De certa maneira, Adriano reflete outro talento bom de copo do qual nos despedimos recentemente: o pianista Arthur Moreira Lima (1940-2024), que tomou rumos contrários aos que naturalmente se projetam, certo de que havia "outras coisas na vida" além de estudar, conforme disse ao jornal The New York Times em 1981.

"Um cara que saiu lá da favela para ganhar o apelido de Imperador na Europa. Quem explica, cara? Talvez eu não tenha feito tanta coisa errada assim, não é?", reflete.

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